Notícias

A força das mulheres de Caiana dos Criolos

Por Magali Colonetti | Foto: Daniela Nunnes, em 29/07/22

Cida, Nana, Béba, Luciana, Mari e Luciene Tavares vieram de Caiana dos Criolos, uma comunidade remanescente de quilombolas que fica a 25km de distância da cidade de Alagoa Grande, na Paraíba. Juntas elas formam um dos grupos mais tradicionais de ciranda e côco de roda da região. Quem estava no show no Palco Principal do XXII Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros entendeu bem o porquê dessa fama. A força dessas mulheres, de sua ancestralidade e história foi sentida em cada música. Essa força também foi dançada! 

Cida, Nana e Luciene são as dançarinas do grupo e desceram até a plateia para fazer uma grande ciranda. "Os côcos de roda foram criados por nossos ancestrais, pelos meus e os das outras integrantes aqui. Essa ciranda que vamos cantar retrata um momento muito triste na década de 90. A seca foi muito grande e não tinha água potável. E tinha um Dr. João, um moço da cidade, que visitava sempre o quilombo. Queríamos receber ele da melhor maneira, mas não tinha água", contou. Dessa história eles criaram essa música que foi cantada para iniciar a ciranda: 

"Lá vem Dr. João com seu caminhão 
o barreirão tá seco, não tem água não, tem água não. 
Não tem água não o que vou fazer, 
vou arrumar água pra você beber."

Outras várias músicas foram cantadas e dançadas. A roda da ciranda só aumentou e o encontro de pertinho com o público foi um sucesso. Cida encerrou o show falando: "Convida nóis outra vez!". 

As cirandeiras e conquistas de Caiana tem dois CDs publicados e um videodocumentário produzido por Socorro Lira. O grupo é formado só por mulheres porque com a saída dos homens para os trabalhos na construção civil, ficou para as mulheres da comunidade assumirem as baquetas e puxarem as rodas de côco e ciranda.