Por Paulo Eduardo Castro | Foto: Gabriela Fernandes , em 16/09/25
Na terça-feira (16/09), o Encontro de Culturas teve a honra de receber a Banda Cabaçal São José, do Ceará, para mais uma programação: uma oficina de construção de Pife, na Associação Comunitária da Vila de São Jorge - ASJOR, possibilitando de forma manual o passar do conhecimento pífano.
A oficina foi ministrada pelo Mestre Cícero e seu filho Francisco das Chagas, também parceiro de palco. Seu Cícero assumiu a liderança da Banda, antes liderada por seu pai José Ribeiro de Menezes, e ao passar dos anos, foi introduzindo seu filho no cabaçal. Nesse panorama, é inegável que a cultura (além de todas as formas em que ela pode ser repassada) é geracional, ela (re) existe graças a ascendência e descendência desses saberes e tradições através do círculo familiar.
Os participantes aprenderam a fazer o seu próprio pife - um tipo de flauta transversal (diz-se transversal porque ela deve ser tocada na horizontal, soprando o ar pela lateral do instrumento) que tem influências europeias e indígenas, popularmente usada em festas nordestinas, como o Cariri e outras manifestações como os Reisados.
Os materiais usados na construção da flauta foram:
1. Cano PVC
2. Serrote
3. Lixa
4. Tampão de borracha
Na primeira etapa, serra-se o PVC em mais ou menos 30cm, posteriormente, é realizado a marcação dos furos para o dedilhar da flauta, de modo que as notas musicais saiam (no total são sete), depois foi utilizado uma faca para demarcar a circunferência dos círculos. E por fim, é necessário passar uma lixa por toda a flauta, tanto dentro quanto fora, para retirar os fiapos do material. Para que o ar não “vaze” e a flauta funcione, é importante colocar também um tampão de borracha na parte inferior do instrumento, permitindo que o ar saia de forma direcionada e que as notas musicais ecoem.
Durante a programação, Francisco tocava uma ou outra flauta, já finalizada, e quase como um dom, o som do pife fluía pela sala do ASJOR, sem muito esforço. Todos na sala apreciavam a cultura do pífano sendo executada com muita maestria pelas mãos do filho do mestre Cícero.
O pife, portanto, mais do que um instrumento, é herança, é legado, é a adaptabilidade de influências externas para construir um legado cultural que represente a riqueza e a história nordestina.