Por Paulo Eduardo Castro | Foto: Michelly Matos, em 16/09/25
"O teatro é uma ferramenta de comunicação e de transformação também, porque ele toca as pessoas em um outro lugar, que não é o lugar de uma conversa ou de um texto, é o lugar do sonho, do imaginário. É a possibilidade da gente imaginar que outro mundo é possível". Luciana Meireles
Falar sobre a preservação ambiental nos dias atuais é imprescindível, porém, mesmo que a causa tenha uma enorme seriedade, existem maneiras mais didáticas de tratar do assunto sem perder a sua relevância. Nessa linha de raciocínio, surge o teatro popular “Maria das Alembranças”, do projeto Onde a Onça Bebe Água, realizado pelos artistas brincantes Luciana Meireles e Isaque Martins, apresentado no XXV Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, em parceria com a Fundação Pró-Natureza (Funatura) e o Programa Petrobras Socioambiental.
Em cima do palco, no dia 15 de setembro, Maria das Alembranças e Senhor Véi dos Ventos contam a história da indígena Aiaia do grupo Xakriabá, das terras de Minas Gerais. A cabocla, desde menina, era sagaz, defensora assídua das matas e da sua tribo, tinha um instinto feroz quando se tratava da natureza e da sua família. Mas, infelizmente as expedições e os Bandeirantes chegaram para vasculhar a terra. O sofrimento tomou conta e desolou o povo Xakriabá. A paz lhes foi tirada por vários homens, que nem deste país eram.
Aiaia se viu devastada, e num dia, próximo de um olho de água pura, ela pediu que a natureza a encantasse, que a transformasse em onça para buscar mantimento para os seus. A natureza ouviu, e naquele mesmo momento, ela virou onça. Todos os dias ia na fazenda daqueles que lhe trouxeram tormento para buscar o gado e alimentar a sua tribo. Para o encanto ser quebrado e Aiaia virar menina novamente, alguém deveria colocar uma flor na sua boca, mas enquanto ela ainda era onça. Ninguém nunca teve coragem o suficiente, e Aiaia continua por aí, até o dia em que alguém consiga transforma-lá em menina de novo.