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Defesa dos territórios tradicionais é pauta de Seminário Internacional no Encontro de Culturas

Por Letícia Romani | Foto: Jp Îasanã Tupinambá , em 19/09/25

O sexto dia do XXV Encontro buscou lançar luz sobre as formas de resistência dos grupos tradicionais na defesa de seu território frente às ameaças ambientais, econômicas e políticas, durante Seminário Internacional, com um debate sobre Povos e Comunidades Tradicionais e a Defesa do Território. 

Natália Rosa, secretária de Turismo, Cultura e Meio Ambiente de Cavalcante, deu início ao Seminário com um relato pessoal profundo e marcante. “Quando era criança, eu e minha família fomos enxotados de nossa casa. Se não saíssemos, os homens brancos da cidade ateariam fogo em nossa casa com a gente lá dentro. É por isso que hoje estou aqui pra falar sobre a luta de ocupar e reivindicar nossos territórios.”, conta. Antes de Natália, existiram muitos, como seu pai, que ouviu na rádio a existência do “Povo Da Terra”, organização que buscava garantir seguridade aos territórios. “Nós achávamos que só tínhamos deveres, meu pai descobriu com a rádio que também temos direitos”, finalizou Natália.

Makota Kidoialê, docente de saberes tradicionais na Universidade Federal de Minas Gerais, também compartilhou parte de sua história. Sua mãe fundou um quilombo para receber mulheres que necessitavam de acolhimento, uma comunidade matriarcal. “As únicas figuras masculinas que tínhamos eram nossas entidades, caboclo, preto velho e exú”, conta Makota. 

Com seus ancestrais ela aprendeu o poder das plantas, “Somos irmãos das ervas, chás e banhos, é isso que nos torna humanos”. Para que existam as plantas, é preciso existir território e respeito dentro dele, Makota luta pela preservação ambiental que une territórios de Minas Gerais a Bahia, regiões cheias de tradições.

O respeito pelo território é uma ação conjunta e compartilhada, Kota Mukanji, do Fórum Nacional de Segurança alimentar dos povos tradicionais de matriz africana, reforça essa visão. “Não quero que a minha comunidade seja assistida, quero que todas sejam vistas e respeitadas, que as Políticas Públicas alcancem a todos.”. Mukanji relaciona o poder de alimento e território, os povos tradicionais com sua cozinha ancestral tem o poder de alimentar com saúde, “Damos comida para o nosso povo com o que produzimos, com nossos alimentos tradicionais, que precisam ser reconhecidos e valorizados”. Mas o povo só é alimentado quando existe terra, “a soberania alimentar defende nosso território, e o primeiro território que defendemos é o nosso corpo, precisamos de comida pra conseguir lutar”,  encerra Kota.


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