Por Narelly Batista | Foto: Allyne Laís, em 10/09/25
Em setembro de 2025, o grupo Tambores do Tocantins volta a subir no palco do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, na Vila de São Jorge, comemorando não apenas os 25 anos do evento, mas uma história de partilha que reafirma a origem e essência dos encontros deste que é hoje o maior festival de cultura popular e tradicional do Brasil.
O grupo Tambores do Tocantins encerra a primeira noite do palco do XXV Encontro de Culturas no dia 13 de setembro, com a participação de Dorivã, o Passarim do Jalapão. O grupo ficou localmente conhecido por suas inúmeras apresentações no Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros e por surpreender o público ano após ano com a potência de seus tambores esculpidos com caras de indígenas, negros, animais como antas, onças, preguiças e tamabduás. Uma confecção própria que também integra a concepção do grupo que nasce de um projeto social com crianças e adolescentes de Porto Nacional (TO), conduzido pelo Mestre Márcio Bello.
No palco, propõem uma roupagem musical contemporânea aos ritmos tradicionais do Tocantins, fundindo batidas típicas do Estado como a sussa, a catira, o samba e o baião a outros ritmos tradicionais e populares, mas não é só isso que se espera.
A apresentação será regada de surpresas uma vez que o grupo também comemora seu próprio aniversário de 25 anos e 10 edições de Encontro de Culturas para sua história. Em carta, Márcio Bello mostrou sua satisfação em estar mais uma vez no palco do Encontro. Leia na íntegra:
Tambores do Tocantins no XXV Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros
Estar presente no XXV Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros é reafirmar a força da cultura viva que pulsa entre os povos e territórios. Para os Tambores do Tocantins, que participaram da primeira edição e de mais de dez edições ao longo desses 25 anos, voltar a esse palco sagrado é renovar laços de memória, resistência e celebração.
O Encontro nos proporciona um sentimento profundo de irmandade entre Goiás, Tocantins e Amazônia, territórios que se reconhecem e se fortalecem na diversidade de suas tradições. Nossos tambores encontram eco nas vozes e nos passos de irmãos e irmãs que, juntos, celebram a ancestralidade e renovam o compromisso com a cultura popular.Ao longo dessa caminhada, vivemos momentos marcantes nos encontros com a Turma Que Faz, projeto da Mestra Doroty Marques em São Jorge. Crianças, adolescentes e jovens que crescem embalados pelo toque, pela música e pela poesia da vida, numa verdadeira escola de saberes e afetos. Quando os Tambores do Tocantins se unem à Turma que faz, o que acontece é mais que um espetáculo: é um gesto de continuidade, resistência e esperança.
E para tornar este momento ainda mais especial, teremos a participação de Dorivã, o Passarim do Jalapão, trazendo sua voz, sua poesia e sua força do Cerrado para ecoar junto aos tambores nesse grande encontro.
Neste ano, celebramos juntos uma data simbólica: 25 anos de Encontro, 25 anos de Tambores do Tocantins e 25 anos da Turma que Faz. Uma história entrelaçada que nos ensina que a cultura se mantém viva porque é partilhada, porque é coletiva, porque é resistência.
Salve Jorge!
Que essa irmandade siga ecoando em cada batida de tambor, em cada canto e em cada geração que se levanta para continuar essa caminhadaMárcio Bello
Tambores do Tocantins
A História: Encontro de Culturas e Tambores do Tocantins
A história do Tambores do Tocantins com o Encontro de Culturas é antiga. De 2001 até aqui, eles já se apresentaram em pelo menos dez edições, criando um vínculo importante entre as duas comunidades (Tocantins e Goiás). Isso porque, para além do que se vê no palco, é no chão que os laços se fazem e se fortalecem.
Do primeiro encontro em 2001 até hoje, o grupo Tambores do Tocantins se apresentou inspirando a comunidade local, as crianças da Vila de São Jorge integrantes do Projeto Turma Que Faz e visitantes de todos os lugares do país e do mundo. A paixão é tanta que por muitos anos os meses que antecedem o evento foram iluminados por especulações dos moradores: “mas o Tambores vem?”.
Nessas dez edições, a Vila de São Jorge testemunhou o crescimento dos integrantes do grupo. Crianças nas primeiras apresentações, cresceram, alguns se casaram e tiveram filhos que já integram o grupo. Concomitante a isso, as crianças e adolescentes que integraram a Turma Que Faz - projeto similar ao Tambores coordenado pela arte-educadora Doroty Marques - da Vila de São Jorge, também partilhou saberes de ambos os grupos através de oficinas e muita música.
Em 2016, o grupo Turma Que Faz foi até Porto Nacional para uma imersão com o grupo. Aulas, shows partilhados e um desenho inovador em arte educação que conectou dois territórios que podem até ter sido separados com a criação do estado do Tocantins em uma linha imaginária e não tão eficaz, mas que se conectam em som, diversidade cultural e ambiental.
Para Juliano Basso, “começar o XXV Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros com o Tambores do Tocantins é começar com as crianças no palco e o futuro que sempre almejamos com a Turma Que Faz e projetos de arte educação. Isso não só aqui para a comunidade da Vila de São Jorge, mas também para o Brasil”.