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Samy e o orgulho de se indetificar como indígena

Por Magali Colonetti | Foto: Thiago Daher , em 17/07/22

"Qual é a cara do índio? A escola deveria explicar a realidade do indígena, mostrar quem somos. As pessoas pensam muitas coisas erradas da gente. Não tenho vergonha de ser índio. Tem que se mostrar, não ficar pra trás, mostrar que sobreviveu. Tenho um neto loiro, mas ele também é índio. Mesmo pequeno ele já dança e tenta cantar nossos cânticos. Os povos indígenas eram para ser ricos, mas nem riqueza de terra tem. Falam que índio é preguiçoso, mas o que é ser preguiçoso? Se precisamos de caça, vamos lá e caçamos. Queremos comer um peixe? Vamos lá e pescamos. Mas estamos sofrendo com o desmatamento e com as ações que esses homens do governo estão fazendo. Se continuar, não vai restar nada."

Foi o desabafo da Samy do povo Kariri-Xocó depois de contar ser uma sobrevivente do sarampo quando era criança. Ela vive na reserva indígena de seu povo localizada em Brasília, mas segue pensando e se reconhecendo como moradora também da aldeia mãe do povo Kariri-Xocó, às margens do Rio São Francisco, próximo à cidade de Porto Real do Colégio, no estado do Alagoas. Lá vivem pessoas de várias etnias e muitos foram reconhecidos indígenas há pouco tempo. Nesse resgate eles também retomaram diversos costumes. 

"Mas não tem mais caça e nem peixe porque o rio está poluído e a água salgada misturou com o rio. Não tem mais água para beber e estão levando água boa para a aldeia."