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Tárika Quechua compartilha ensinamentos para o bem viver em Roda de Conhecimento

Por Marcos Vieira | Foto: Thoyane Fulni-ô, em 17/07/25

Liderança e guardiã dos saberes ancestrais andinos, Prem Tárika, mulher medicina da Nação Quechua (Peru), compartilhou ensinamentos da filosofia sumak kawsay durante a Roda de Conhecimento realizada na tarde de quarta-feira, 16, durante a 17ª Aldeia Multiétnica.

Tárika ressaltou o quanto os saberes originários de seu povo podem contribuir para a regeneração da vida na Terra. Ela deu exemplos práticos de como viver de acordo com o sumak kawsay, buscando harmonia com a natureza e com a comunidade, visando o bem-estar de todos os seres.

Para os povos originários andinos, o sumak kawsay tem como princípio fundamental a reciprocidade nas relações humanas e com o ambiente, além da valorização do coletivo sobre o individual.

Segundo a guardiã, o bem viver está diretamente ligado à forma como nos alimentamos, priorizando o consumo de alimentos naturais e produzidos no próprio território onde se vive. “É também o bem vestir, utilizando tecidos de fibras naturais, que permitem a energia fluir”, ressaltou Tárika. Ela também destacou a importância de as roupas expressarem o local de nascimento da pessoa — ou seja, que carreguem traços da cultura de cada um.

A guardiã revelou ainda que o bem viver envolve manter bons relacionamentos com as pessoas. Tárika defendeu que é preciso confiar no próximo, criar comunidades e se doar. “As pessoas precisam se unir para propósitos comuns”, comentou, citando como exemplo a criação de espaços para as crianças de uma comunidade.

Tárika Quechua falou também sobre o significado da consciência indígena: “É caminhar em harmonia com a grande comunidade da vida”, ensinou, reforçando que, além dos seres humanos, fazem parte dessa comunidade os animais, as plantas e o mundo invisível, onde habitam os espíritos.

A guardiã convidou a todos a “ser, e não parecer”. Alertou sobre a urgência de agir para evitar as mudanças climáticas e preservar a água, essencial à vida. Tárika enfatizou a necessidade de menos redes sociais e mais contato com a família, a natureza e os espíritos. “É preciso restaurar alianças. Regenerar não é só replantar, mas refazer vínculos”, disse ela, propondo a quebra do comando da individualidade, tão em evidência nos dias atuais.

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