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“A gente preserva, ganha por isso e ainda explora de forma cuidadosa um Cerrado que nos dá muita riqueza”, pontuou Tico Kalunga em roda de prosa sobre artesanato

Por Narelly Batista | Foto: Duda Segredo, em 13/12/23

Artesanato, turismo e a preservação ambiental como caminho para uma nova economia foram os temas discutidos na primeira roda de conversa do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros - Edição Especial Educação Transformadora. Integrando o Fórum de Turismo e Cultura que acontece hoje (13) e amanhã (14), a roda intitulada “Entre Tramas e Raízes: Desafios e Demandas na Preservação da cultura e artesanato tradicionais em Goiás”, teve como objetivo discutir como o artesanato tradicional pode ser um atrativo para o turismo cultural, proporcionando oportunidades econômicas sustentáveis para as comunidades locais. 

Na oportunidade, tivemos como expositores Maria do Cerrado e Toquinho Moreira. Maria é gestora cultural na área de artesanato sustentável, Coordenadora da Feira do Cerrado desde sua fundação e do projeto Goiânia Mostra Artesanato. A artesã defendeu em sua fala a união das iniciativas de arte do nordeste goiano na construção de uma trilha artesã que oportunize aos visitantes, conhecer e acessar o artesanato do nordeste goiano de forma mais intimista, conhecendo a história de cada um e o processo para o produto que estão levando para casa. 

Já Toquinho, que é autor, político e liderança popular no nordeste goiano, graduado em publicidade, especialista em ciências políticas e marketing político, trouxe para o debate como o turismo dá valor ao artesanato e o inverso também acontece. “Vocês já viram que todas as vezes que você lê algo sobre artesanato, usam a palavra ‘única’? Isso porque a pessoa quer ter algo que faça referência ao território e que só tenha ali”.

Vanessa Leal, mediadora da conversa, reforçou que é preciso compreender que a premissa  “quanto mais local, mais valor global” tem sentido e força quando se trata de mercado, artesanato e valorização dos territórios. Também concordou com a proposição de Maria do Cerrado na criação de uma trilha que valorize os artesãos do nordeste goiano e que o turismo de experiência é uma oportunidade de valorar o produto e trazer um novo olhar sobre o processo dele. 

Após a exposição, a coordenação da roda de conversa abriu para a participação daqueles que ouviam. Dona Cecília, que é raizeira, participa da programação há alguns anos e nesta edição é uma das 20 expositoras do nordeste goiano a participar e ser apoiada pela Feira de Experiências Sustentáveis do Cerrado, relembrou o passado sofrido da região do nordeste goiano. De Cavalcante, Dona Cecília se lembrou do período em que a região era conhecida como o corredor da miséria e contou um pouco do processo de apropriação das riquezas naturais e humanas do lugar em que vivia para gerar renda e dividir valores monetários. 

Seu Tico do Kalunga, como se apresentou na roda, contou que acompanha a esposa, Dona Teodora, uma habilidosa raizeira e coletora de frutos do cerrado para produtos da sociobiodiversidade. Para ele, “vale a pena preservar o cerrado, porque as pessoas desejam nossos produtos e ainda negociam nossos créditos de carbono”, revelou.

“A gente preserva, ganha por isso e ainda explora de forma cuidadosa um Cerrado que nos dá muita riqueza”. Contou, inclusive, que demorou a entrar para a roda pois estava ao telefone ouvindo uma proposta neste sentido de representantes internacionais.