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Na Vila de São Jorge, em Goiás, Maciel Salu lança novo álbum “Ogum”

Por Narelly Batista | Foto: Anderson Stevens, em 20/07/23

Uma das atrações mais aguardadas do XXIII Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, Maciel Salu, lançará no dia 29 de julho (sábado), na Vila de São Jorge, seu sexto álbum com um show especial. Com forte referência da cultura afro-indígena brasileira, Maciel traz no álbum “Ogum” uma homenagem ao seu orixá, que é responsável por ensinar aos homens a caça, o trabalho com o ferro e as artes da forja e da guerra.

 

O trabalho independente chega às plataformas virtuais no dia 29 de julho, quando também apresenta o novo show no palco do Encontro de Culturas. Cinco anos depois do disco-manifesto intitulado Liberdade (2018), Ogum chega, apresentando um trabalho ainda mais fincado nas tradições de terreiro, além de sonoridades da cumbia e afrobeat. “Em Ogum, a gente traz um pouco mais das peles, do Ilú, das congas, da alfaia. Na música-título, uma guitarra e um baixo fazem parte do arranjo, que traz elementos de terreiro, mas com outra roupagem. Os arranjos são construídos por mim e pelos integrantes da banda”, explica Maciel. 

 

Maciel começou a composição da música Ogum no dia 23 de abril de 2020 – data em que se celebra o Dia de São Jorge, que no sincretismo das religiões afro-brasileiras é associado a Ogum. A outra parte da poesia, no entanto, permaneceu um ano inteiro guardada, sem ser revisitada por seu compositor, até que na mesma data do ano seguinte, Maciel retornou à letra para, então, concluí-la. “No meu trabalho de palco, trago a rabeca, um instrumento de origem árabe, que é popularizada no cavalo marinho; trago o bombinho, que está no caboclinho, que está no coco; trago também a alfaia, que está no maracatu de baque virado, no coco; o ilú, que está no terreiro de candomblé, no terreiro de jurema e outros, que junto com bateria, guitarra, baixo e, numa delas, teclado. Tudo isso vou vivenciando. A gente pode ir experienciando a novidade, mas sem perder a minha identidade, a origem do meu trabalho”, pontua o artista que, assim como o orixá Ogum. 

 

Não por acaso, a Vila de São Jorge, distrito de Alto Paraíso, em Goiás, foi a escolhida para o show de lançamento da turnê de Ogum. A vila, que tem como padroeiro São Jorge, receberá durante o XXIII Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros este show inédito de um dos mais importantes músicos de cultura popular do país. Além do show de lançamento do disco Ogum no dia 29 de julho, Maciel apresenta o show Baile de Rabeca no dia 28 de julho (sexta), na Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge. 

Maciel Salu: trajetória

Maciel Salú é rabequeiro, cantor, compositor, mestre de Maracatu Rural, brincante de Cavalo Marinho e militante da Cultura Popular. Herdeiro de uma das famílias mais expressivas na cultura popular de Pernambuco, convive desde a infância em meio a Maracatus, Cavalos Marinhos, Cocos e Cirandas.


Na música desde 1997, iniciou carreira solo em 2003. Desde então participou de projetos e eventos como o Ano do Brasil na França (2005), Projeto Pixinguinha (2007), Europalia.Brasil (2010), e gravou 05 álbuns, o mais recente, “Liberdade”, lançado em 2018 e apontado como um dos trabalhos mais encorpados da carreira do artista.


Reconhecido pela crítica e pelo público, Maciel Salú apresenta uma sonoridade que mescla melodias ancestrais, poesias com versos marcantes e referências às culturas nordestinas, além da pesquisa na música contemporânea. Ele já foi indicado ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum Regional de Música Brasileira com um de seus projetos paralelos, a Orquestra Contemporânea de Olinda, e com o projeto Orchestra Santa Massa ganhou reconhecimento através do BBC Awards, do Prêmio Tim (melhor álbum) e do Prêmio Multicultural Estadão. 

 

Dono de um timbre grave e voz única, Maciel Salú é chamado por alguns de voz do trovão. Sua identidade vocal se assemelha à sonoridade que imprime com sua rabeca, instrumento que escolheu para dedicar grande aprendizado e aprimoramento técnico. Na construção de seus acordes, Maciel Salú traz referências do rebab árabe e norte-africano. E neste novo disco, suas influências pincelam todas as faixas, assim como sua rabeca segue tendo bastante destaque e estando presente na maioria das canções.