Por Narelly Batista | Foto: Raissa Azeredo, em 08/07/23
Demarcação de terras indígenas, os desafios e a importância de ações que reforcem na sociedade o senso de participação neste tema foi pauta da roda de prosa deste sábado (08), na Aldeia Multiétnica. Towé Fulni-ô, Sumené Xavante, Tononé Kariri Xocó, Cristine Takuá, Carlos Papa, Patoh Wauja e Chirley Pankará foram os convidados desta conversa que propôs uma reflexão sobre a urgência da derrubada do PL 490.
Aprovado na Câmara dos Deputados, o PL 490 defende a tese do ”marco temporal”, que considera a data da promulgação da Constituição Federal brasileira, 5 de outubro de 1988, como marco jurídico para o reconhecimento do direito sobre os territórios indígenas. Se sancionada, os povos do Brasil que lutam pela preservação de seus territórios podem viver graves violações.
Cristine Takuá, do povo Maxacali, professora na Escola Estadual Indígena Txeru Ba’e Kua-I do litoral paulista, abriu a roda de prosa falando sobre a diversidade de territórios indígenas no Brasil. De acordo com ela, “a transmissão de saberes perpassa as florestas. Demarcar é falar de vida e por isso o comprometimento ético e união de todos, inclusive dos não indígenas, é necessário para a preservação da terra e dos povos.
Já a Cacica Tanoné Kariri Xocó destacou a expectativa dos povos do Brasil com o novo governo no que diz respeito à demarcação indígena e valorização da diversidade do povo brasileiro. Relembrou os muitos indígenas Yanomamis e de outras etnias que perderam suas vidas durante o governo Bolsonaro.
Representando o Ministério dos Povos Indígenas, Chirley Pankará iniciou sua fala pedindo permissão aos encantados e a todos presentes. Falou da ausência de um projeto para a Demarcação de Terras e da compreensão do que é território aos povos indígenas. “Território significa também uma ligação com a ancestralidade, com a terra e as florestas”.
Chirley se colocou à disposição de todos no Ministério dos Povos Indígenas. Cacique Sumené também falou sobre as lutas do povo Xavante pelo respeito ao seu território, da dificuldade que viveram com um fazendeiro da região onde vivem e das dificuldades vividas durante a pandemia.
Patoh Wauja também reforçou que quando se luta pelo território, também estão lutando pela preservação da floresta para todos e todas as pessoas. “Quem consegue viver sem água?”, questionou. A jovem liderança contou sobre os invasores de sua região e como tem sido a luta para que eles deixem as áreas que pertencem ao seu povo.
Carlos Papa falou sobre como os povos indígenas apresentam uma alternativa a tudo isso com uma cultura do bem viver e contra a opressão do capital.