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Felisberta de Natividade: um encontro com grandes saberes

Por Magali Colonetti | Foto: Allyne Laís, em 27/07/22

"Eu me intitulo como um bicho carpinteiro, uma pessoa muito curiosa. Desde criança quando eu via uma planta, eu pegava e eu cheirava porque eu queria saber. Meu pai tinha um profundo conhecimento e eu ia até ele: pai, isso serve pra quê? Às vezes ele estava ocupado e não me respondia, então eu ia até minha vó, que também tinha um conhecimento e ia me ensinando. Eu comecei a misturar uma planta com a outra pra ver pra que servia e hoje eu invento várias fórmulas, tanto para o ser humano quanto para os animais. É uma coisa que me dá prazer e que estou levando para as universidades", contou Felizberta Ferreira da Silva, mas ela gosta mesmo de ser chamada de Feliz.

Filha de pai negro e mãe indígena, ela é de Natividade, Tocantins. Devota do Espírito Santo, faz parte de um grupo de Suça em sua cidade. Sempre tem algum ensinamento valioso para compartilhar e vem para o Encontro de Culturas há alguns anos. Quem estava na roda sobre os saberes tradicionais teve a chance de anotar alguas dicas de seus saberes.

 

"Quando chega o mês de dezembro a gente já tá pensando no meio do ano pra vir. Pra essa troca e para esse conhecimento. Dessa vez foi uma surpresa muito grande ver o Adão (Kalunga da comunidade do Vão de Almas) e o tamanho conhecimento que ele tem. Mostra que vale a pena nós mais velhas, nós matriarcas, lutarmos para preservar nossa cultura porque tem jovem que está de olho para não deixar morrer".

Ela também está feliz porque sua neta de nove anos já começou a pegar as folhas e perguntar para que servem. "Esse trabalho meu não está se perdendo, né? Não está sendo em vão. Porque ela quer saber e tem muitos jovens interessados que me procuram. Pra mim eu poderia ficar aqui falando de raiz e cultura. Eu não me canso porque eu gosto".